terça-feira, 15 de maio de 2007

Clóvis Rossi e o Papa Bento XVI

Em seu artigo O papa e a fuga do mundo, de 15/5/2007, o jornalista da Folha de São Paulo Clóvis Rossi mostra sua espantosa diferença de comportamento quando escreve que o também jornalista Fernando de Barros e Silva melhora a qualidade da página de opiniões da F. de S.P. ao ocupá-lo às segundas-feiras, mas escreve que “o papa empurra os fiéis para o vazio” ao mesmo tempo em que se declara católico, ainda que o papa só estivesse repetido e não inventando nada.

Que espécie de católico ataca a Igreja e elogia outro que também o faz? Estranho católico é o sr. Clóvis Rossi. A julgar pelo que escreve, ele não é católico nem mesmo nas pontas dos dedos das mãos, usados para digitar este lamentável artigo. Entretanto, tentarei analisar as demais confusões feitas no artigo, ignorando esta primeira em que ele pensa ser católico sem de fato ser.

A confusão seguinte se dá quando Rossi escreve que “não dá para o católico viver de costas para o mundo em que está imerso” como conclusão à suposta “condenação ecumênica no domingo a capitalismo e comunismo” do Papa Bento XVI. O comunismo não foi condenado por Bento XVI mas por Pio XI com a encíclica Divini Redemptoris, quando o sumo pontífice proclamou magnificamente que “o comunismo é intrinsecamente perverso”.

Certa modalidade de capitalismo foi condenada por S.S. o Papa Leão XIII com a Rerum Novarum. Mas será que Rossi a leu? Tenho sérias dúvidas, pois o que sempre foi condenado é justamente o que hoje os pseudo sociólogos, intelectuais e bobos em geral arrogam para si como análise moderna: o uso de um sistema econômico como fim em si mesmo, sem limites morais, sem compromisso com a justiça e a verdade, levando ao enriquecimento imoral e a efeitos tão desastrosos quanto inevitáveis.

“Ficaremos nas igrejas rezando à espera de que surja um novo Messias e nos aponte o caminho?” pergunta Rossi, fazendo-se de ingênuo e supondo ingenuidade dos cristãos e do Papa: “imaginar que apenas um comportamento individual -cristão e impecável- resolve os problemas é cair na ingenuidade de outra fala do papa”. Que espécie de católico acredita em outro Messias além do Filho unigênito de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo? Rossi é qualquer coisa, menos católico, pois nenhum católico pode desconhecer o seguinte mandato de Cristo: “buscai primeiro o reino de Deus [ou seja, a salvação da sua própria alma] e a sua justiça [ou seja, a observância dos mandamentos da lei divina], e tudo o mais vos será dado por acréscimo”. Como alguém pode não acreditar nisso e ao mesmo tempo se dizer parte da Igreja que Cristo fundou sobre sua palavra e sobre São Pedro?

“Alguém acredita realmente que basta fazer essa peroração aos traficantes para que eles abandonem o tráfico e demais atividades criminosas que estão a ele inexoravelmente associadas?” pergunta novamente o ingênuo Clóvis Rossi, concluindo: “Não me parece francamente uma atitude cristã pedir que os cidadãos dêem de ombros ao ver toda a colossal violência que assola não só o Brasil, para esperar que Deus exija ‘satisfações’ dos criminosos.”

O sr. Rossi devia estar numa crise de criatividade ou então com um preguiça imensa que o impedia de pensar em algo decente para escrever, pois me parece que escreveu a primeira besteira que veio à sua cabeça. É claro que o Papa não mandou ninguém cruzar os braços. Ele nem tenta provar isso pois deve saber que não poderia. O Papa chamou a atenção daqueles que se envolveram com o tráfico para o fato de que suas almas perder-se-ão eternamente no inferno caso não mudem de vida. É pouco? Não para um católico! Mas Rossi apenas pensa que é católico. Enfim, o juízo final não substitui a justa punição que cabe aos traficantes neste mundo; muito pelo contrário: é a suma punição, que será aplicada com ou sem as punições deste mundo.

Finalmente, o que conhece o sr. Rossi da moral cristã? A julgar pelo que escreve, nada! Mas aventura-se a escrever sobre um assunto do qual não tem a mínima idéia, seguindo o mainstream e roubando um pouco da glória devida ao próprio Papa, pois, atacando o Papa, rouba-se um pouco da atenção devida a ele, não é mesmo?

“Fugir do mundo real é cômodo, mas não o modifica”. É mesmo? Então por que Rossi não pára de fugir do mundo real e estuda algo da moral católica antes de escrever baboseiras sem ter a menor noção do que faz? Quem foge do mundo é o sr. Rossi, que não entende nada de catolicismo e não faz o menor esforço para entender, nem ao menos para poder ser justo com seus leitores.

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