A Wikipedia possui um curioso
princípio de imparcialidade. Curioso é pouco: o artigo é relaxado e desonesto. Incentiva a propagação de opiniões subjetivas ao invés de conclusões baseadas em pesquisa séria. Vejamos:
“[...] Aquela frase pode ser transformada numa frase mais imparcial de
várias formas:
- atribuir aquele ponto de vista a alguém:
[...] (ou alguns, ou a maioria) [...]
descrever a propaganda nazista sem a classificar. Isto é, expor os argumentos dos nazistas e contrastar esses argumentos com outros factos incontestáveis. Claro que esta solução é muito mais difícil de implementar porque é necessário um conhecimento preciso da propaganda nazista.”
Como se não fosse grave o fato de se incentivar indiretamente a divulgação de informações sem pesquisa, pois o contrário seria “muito mais difícil”, o artigo dá, ele mesmo, o exemplo da falta de pesquisa. Partindo de um artigo que se propõe servir de base para todos os demais, esta atitude é, no mínimo, desonesta. Como podemos esperar fatos e argumentos sérios sem pesquisa séria? Vejamos o mau exemplo:
“[...] Os cristãos acreditam que estes homens escreveram a Bíblia inspirados por Deus e por isso consideram que a Bíblia é uma escritura sagrada.”
A correta análise da Bíblia é tarefa das mais difíceis e não está ao alcance de qualquer um. Entretanto, uma análise superficial, baseada na verdade, não na imparcialidade, e usando conceitos simples de lógica é suficiente para demonstrar os erros do artigo da Wikipedia. Siga este raciocínio:
Sendo os cristãos aqueles que crêem em Cristo, um cristão que agisse contra um ensinamento do próprio Cristo estaria em contradição, ou não seria um verdadeiro cristão.
Diz a Bíblia: «Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei» (São Mateus V, 18). Para bem compreender este texto, é necessário saber que o jota é a menor letra do alfabeto hebraico, a menos importante. O significado da frase, então, torna-se claro: os textos bíblicos jamais perderão a validade ou se tornarão obsoletos, nem mesmo os menos importantes.
A contradição com a Wikipedia é enorme:
“nem todos os cristãos acreditam [...] e muitos consideram que muitos dos textos da Bíblia [...] faziam sentido no tempo em que foram escritos mas foram perdendo actualidade”
Além de não ter lógica, o artigo é vago pois, ao escrever “muitos cristãos” e não especificar quais são eles, o autor impede que se possa confirmar a informação e descobrir mais facilmente a contradição. Mais fácil ainda: sendo “muitos” os que pensam como o autor afirmou, poder-se-ia listar apenas os poucos que pensam diferente.
Entretanto, o autor segue a própria sugestão de “atribuir o ponto de vista a alguém”, mesmo que esse alguém seja tão vago quanto “muitos cristãos”. Este autor definitivamente não escreve “afirmações que são verificáveis e que provavelmente não geram controvérsia”, como ele se propôs a ensinar como fazer, no início do texto. Ele escreve afirmações “que são discutíveis e que não podem ser verificadas de forma incontestável”, exatamente o que havia criticado.
Por tanto, está claro que o princípio da Wikipedia é o do politicamente correto, e nada tem há ver com imparcialidade. Ainda assim, de que adiantaria ser imparcial e não falar a verdade?
Obviamente, é mais fácil escrever mentiras politicamente corretas do que verdades politicamente incorretas. Assim, espalham-se as mentiras e repele-se a verdade.
“Que morte pior há para a alma, do que a liberdade do erro!” (Santo Agostinho: Ep. 166; apud Gregório XVI, Papa: Carta Encíclica Mirari Vos; apud Montfort, Associação Cultural)
A imparcialidade não é um critério prudente nem honesto. Devemos sempre nos pautar pela verdade, doa a quem doer! E para isso é
necessário ser parcial, ficando com a parte da verdade e não com a do erro.