“Podemos especular sobre quantas dimensões espaciais existem, mas a realidade é uma só. [...] A idéia de que existem dimensões extras [...] tem um apelo que vai além do científico.”
Em apenas três linhas ele desmentiu toda a moderna horda de estúpidos metidos a cientistas:
- afirmando o que a ciência é: uma estabilização provisória de conhecimentos especulativos sobre a natureza; consequentemente, a ciência é meio, e não fim.
- admitindo que a verdade é única apesar das especulações; consequentemente, a verdade é também imutável, caso contrário não haveria progresso na ciência, isto é, uma maior aproximação da verdade, mas apenas uma corrida para acompanhar as mudanças.
- admitindo o caráter contingente da natureza, isto é, a existência de algo além do natural, o sobrenatural, especialmente realçado pela hipótese das múltiplas dimensões.
Fantástico! Exceto pela confusão que ele faz entre percepção e sistematização:
“Como se certificar de que nossa percepção da realidade não é enganosa? [...] Tudo depende de perspectiva e da precisão dos nossos instrumentos de medida.”
A percepção pode ser parcial mas não enganosa. Podemos não perceber o todo em um dado momento, assim como nem todos tem a capacidade de entender corretamente as próprias percepções. Entretanto, se a percepção fosse enganosa em si, no sentido de nos revelar alguma coisa falsa, não haveria progresso na ciência, pois quanto mais estudássemos mais seríamos enganados por nossas percepções, e jamais caminharíamos em direção à verdade.
O fato de perceber parcialmente, e não completamente, não gera sistemas falsos: gera sistemas provisórios que são substituídos à medida em que aprofunda-se o conhecimento do assunto.