segunda-feira, 18 de junho de 2007

Marcelo Gleiser fala sobre a verdade

Impressionante o poder de síntese deste Marcelo Gleiser (Carderno Ciência, Folha de São Paulo, 17/06/2007, grifo meu):

“Podemos especular sobre quantas dimensões espaciais existem, mas a realidade é uma só. [...] A idéia de que existem dimensões extras [...] tem um apelo que vai além do científico.”

Em apenas três linhas ele desmentiu toda a moderna horda de estúpidos metidos a cientistas:

  1. afirmando o que a ciência é: uma estabilização provisória de conhecimentos especulativos sobre a natureza; consequentemente, a ciência é meio, e não fim.
  2. admitindo que a verdade é única apesar das especulações; consequentemente, a verdade é também imutável, caso contrário não haveria progresso na ciência, isto é, uma maior aproximação da verdade, mas apenas uma corrida para acompanhar as mudanças.
  3. admitindo o caráter contingente da natureza, isto é, a existência de algo além do natural, o sobrenatural, especialmente realçado pela hipótese das múltiplas dimensões.

Fantástico! Exceto pela confusão que ele faz entre percepção e sistematização:

“Como se certificar de que nossa percepção da realidade não é enganosa? [...] Tudo depende de perspectiva e da precisão dos nossos instrumentos de medida.”

A percepção pode ser parcial mas não enganosa. Podemos não perceber o todo em um dado momento, assim como nem todos tem a capacidade de entender corretamente as próprias percepções. Entretanto, se a percepção fosse enganosa em si, no sentido de nos revelar alguma coisa falsa, não haveria progresso na ciência, pois quanto mais estudássemos mais seríamos enganados por nossas percepções, e jamais caminharíamos em direção à verdade.

O fato de perceber parcialmente, e não completamente, não gera sistemas falsos: gera sistemas provisórios que são substituídos à medida em que aprofunda-se o conhecimento do assunto.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Comunistas comedores de criancinhas?

Causava-me medo ouvir, na infância, que os comunistas comiam criancinhas. Mais tarde, na adolescência, sentia raiva dos capitalistas burgueses que chegavam ao cúmulo da baixeza inventando uma mentira tão absurda para causar medo do comunismo nos pobres e oprimidos trabalhadores.

Felizmente hoje já não sou mais tão cego assim, e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que a frase acima não é mentirosa e deveria causar pavor e não apenas medo!

A origem desta frase é o genocídio conhecido como “Holodomor”, cometido por Stálin na Ucrânia, de 1932 a 1933, contra os camponeses que não aceitavam a imposição do regime comunista. A seguinte descrição é do artigo “El hambre como arma política” (Jonathan Wilde, tradução minha):

“O efeito foi a fome, massiva e prolongada. Morreram milhões de pessoas, simplesmente porque não tinham o que comer. O aspecto característico das crianças era esquelético e com o abdômen inchado. Conta-se que as mães abandonavam seus filhos nos vagões dos trens que iam às grandes cidades com a esperança de que alguém poderia cuidar melhor deles. Desafortunadamente, as cidades estavam inundadas de miséria e fome. Os ucranianos passaram a comer folhas, cães, gatos, ratos, pássaros e rãs. Quando isto não era mais suficiente, passaram ao canibalismo. Escreveu-se que ‘o canibalismo era tão comum, que o governo imprimiu cartazes que diziam: comer a seus próprios filhos é um ato de barbárie’ (Stephane Courtois, Livro Negro do Comunismo)”.

E como desgraça pouca para comunista é bobagem, o capítulo “A maior fome da história (1959-1961)”, do mesmo Livro Negro do Comunismo, conta o que Mao Tse Tung ofereceu ao povo chinês:

“E, como no Henan, os casos de canibalismo são numerosos (63 reconhecidos oficialmente), em especial através de ‘associações’ onde as pessoas trocam seus filhos pelos dos outros, para os comerem.

Assim, o regime comunista destruiu algo muito mais importante que a economia dos países em que desgraçadamente foi implantado: destruiu a alma desses povos. Marx, ao induzir os povos a abandonarem a religião, chamando-a mentirosamente de “ópio do povo”, não os jogou para o ateísmo, mas para o mais cruel satanismo. Fato previsível, pois o próprio Marx era um satanista.

Portanto, ninguém seja tão vil de afirmar que os comunistas não são comedores de criancinhas!